O Sexo e o Amor
Hoje recordei os tempos em que fui apresentado ao Amor. Estava na adolescência, deveria ter uns 16 anos, e fiquei deveras impressionado com ele. Devo dizer até que fiquei fascinado com todas as sensações novas que descobria e tal era a minha satisfação que suspirava literalmente quando na ausência do meu objecto de devoção. O Amor pareceu-me o que de melhor existia no mundo, mas não demorei muito a desiludir-me e a consciencializar-me de que as aparências iludem. O amor não é nada daquilo que aparenta ser à primeira vista. Começam os ciúmes, começa a tortura da dificuldade da correspondência sentimental... 279 paixões depois tornei a cruzar-me com o Amor, cerca de dez anos depois, e tornei a confiar nele. Entreguei-me novamente de corpo de alma (utilizando uma expressão banal conhecida por todos), tornei a confiar e não é que fui traído? Sim, sim, fui trocado por outro. Bem, pensei, não torno mais a confiar neste sentimento! Que se lixe o Amor! A zanga assumiu tais proporções que fui procurar a amizade do Sexo. O Sexo pelo menos não engana ninguém, é o que diz ser, não promete nada, apenas prazer. E haverá coisa melhor que o prazer? Naaaaaaaaaaa! Deambulando de corpo em corpo, sentindo-me independente, algo me deixava insatisfeito. Sentia saudades do Amor e o divertido Sexo parecia ter deixado de me seduzir. A graça inicial perdera-se. Tentei então procurar o Amor novamente. Fiz chamadas telefónicas, enviei faxes, mails... Fiz de tudo para tornar a encontrá-lo, mas ele nada... Não respondeu aos meus recados, não queria nada comigo. Desiludio-o, pensei. Numa conversa de café, disseram-me que é habitual o Sexo e o Amor andarem juntos. A sério? Indaguei surpreso. Ainda não sabias? Responderam-me. Fiquei sem perceber. Hum... Pois, então deverá ser isso! Eles andas os dois e eu sem saber nada! Sou um idiota, fui manipulado pelos dois e eles devem estar a gargalhar às minhas custas. Pois, muito bem, a minha vigança será implacável. De hoje em diante, nada mais quererei nem com um, nem com o outro. Dias de profundo vazio se seguiram, a insanidade aproximava-se, o corpo exigia uma tomada de posição e eu, tomado pelo orgulho, dizia que não. Naaaaaaaaaaa! Esses dois não tornarão a passar-me a perna! Cretinos! Não preciso de vocês para nada! Mas como se vive sem Sexo e sem Amor? Bom, os padres e as freiras conseguem. Quer dizer... Nem todos! E agora, como é que resolvo isto? Terei de humilhar-me perante os dois? O meu corpo insistia a dizer que sim, a minha consciência dizia-me um não peremptório. Que diabo! Mas que situação mais incómoda! Que maçada! Recordei então as palavras de uma pessoa amiga: "Quando não sabes o que fazer, não faças nada... Deixa que a vida decida por ti...". E foi o que fiz.
Comentários
E essa pode ser tão bem a história de tanta gente!!!
Como me revejo em algumas das coisas que escreveste!!! Mas o amor ele vem...as vezes quando menos o queremos ou esperamos...
Quando ele se aproximar...então não faças nada...não o mates à priori deixa que a vida o determine...