Paixões Reais de Eduardo Nobre


Um dos meus presentes de Natal foi o livro Paixões Reais de Eduardo Nobre. Fiquei felicíssimo, pois já há algum tempo que pretendia adquirir um dos volumes, mas tal não se proporcionara.

A leitura é agradável, mas por duas vezes fiquei indignado com o que li! Até perdi o sono! Quero com isto dizer, que não temos de acreditar piamente no que nos é dito no livro, pois não deixa de ser uma interpretação dos factos! E porque há certas coisas que são simplemente impossível de se saber!

Irrita-me ser considerada uma história de amor o casamento entre o Rei D. Fernando II e a cantora lírica Elise Hensler! Ele amava-a, disso não tenho dúvidas, agora ela? Hum... Se ela amasse de facto D. Fernando não teria vendido em lotes todos os objectos que o mesmo andou a coleccionar em vida... Mostrou muito bem o respeito que tinha por ele e a sua dignidade... Poderia muito bem ter recusado receber essa colecção e oferecê-la a Portugal... Ou então que ficasse com ela! Agora vendê-la? Não lhe tinha ficado nada mal... Assim acredito que ela não soubesse o significado de ter honra e de amar alguém. Não lhe bastava receber do Estado Português a venda do palácio e parque da Pena? Não lhe bastava ter-se apropriado de certos objectos e jóias da Família Real Portuguesa? Tudo isto porque D. Fernando assim o permitiu e a contemplou com um testamento de bradar aos céus! D. Pedro V conhecia bem o pai que tinha...

Revoltou-me a presença nesta obra da estória, sem quaisquer provas e com base em documentos falsos, sobre a burlona Maria Pia Laredo - a que se disse um dia ser filha do Rei D. Carlos. O que mais me enervou foi a história ser apresentada como se tivesse sido verdade: "Uma filha natural de Dom Carlos I"... Que fraco rigor histórico... Mas quem é pode acreditar numa suposta carta redigida por D. Carlos, cujo único rasto que se tem é uma transcrição de um notário??? Ainda para mais fac-similada! Poupem-me de tanto disparate! É sem dúvida um deslise que não posso perdoar ao senhor Eduardo Nobre... Mas cada um acredita naquilo que quiser, basta querer...

A última crítica que tenho a fazer é em relação ao Estado Português que permitiu que Nevada Chapman, mulher do Infante D. Afonso (irmão de D. Carlos I), durante o seu exílio (1917), roubasse património nacional!

Com a morte do Infante (1920), essa bandida americana vem a Portugal exigir a sua herança e apesar de não ter sido levado a sério: "Certo é que a viúva do Duque do Porto carregará várias galeras no pátio do palácio da Ajuda, com a herança do seu Querido Afonso - móveis, objectos de arte, pratas e demais recordações, avaliadas à data na comiserável fortuna (afinal estávamos nos anos 20) de um milhão de escudos". Mas como é que podem ter permitido uma coisa destas? Mas quais recordações? Só se fossem da Família Real Portuguesa! Ela nunca, sequer, pisara a Ajuda antes!

Bom, boa leitura...

Comentários

Unknown disse…
Perdoe-me a intrusão no blog, mas aparentemente partilhamos de gostos comuns. Se me permite o comentário, concordo com a critica que faz ao livro que também já li.Relativamente à alegada filha de D. Carlos, pelo que sei não foi provado ainda nem que era, nem que não era. Contudo, se estiver enganada agradeço esclarecimento baseado em fontes, se possível.Obrigada e boas postagens.:)

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